Principais pontos e sua dimensão litúrgica
Neste dia ocorrem duas importantes celebrações: na parte da manhã ocorre nas catedrais a Missa dos Santos Óleos ou do Crisma, devido ao principal óleo abençoado nesse dia - o Santo Crisma. Esta, é também chamada Missa da Unidade, pois é concelebrada pelo clero diocesano. A outra celebração é a da Instituição da Eucaristia, do Sacerdócio e do Mandamento Novo, popularmente conhecida como Cerimônia de Lava-pés. Além disso, a Quinta-feira Santa dá início ao Tríduo Pascal, que compreende os dias que antecedem ao Domingo da Páscoa, dia em que comemoramos a Ressurreição de Cristo, sua vitória sobre o pecado e a morte.
1. Missa dos Santos Óleos ou do Crisma:
A missa dos santos óleos é celebrada pelo Bispo Diocesano, na catedral, com todos os sacerdotes de sua Diocese, em sinal de comunhão e unidade. Nesta missa são abençoados os santos óleos que serão usados durante o ano para ungir os batizados, crismandos e os doentes.
Durante toda a quaresma não se canta o glória, mas na missa do Crisma ele aparece cantado. Durante o canto, tocam-se os sinos que depois ficarão silenciosos até a vigília pascal.
Jesus comunicou o seu sacerdócio aos apóstolos e estes sucessivamente á Igreja, através dos Bispos e Padres. Os padres renovam neste dia os seus compromissos sacerdotais de servir a todos, como Jesus fez. Celebrar os sacramentos e levar a palavra de Deus a todo o povo. O óleo é um sinal de benção de Deus.
2. Missa do Mandato, da Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ou do Lava-pés:
À noite é celebrada a solene missa do Mandato com a cerimônia do Lava-pés. Essa cerimônia nos faz lembrar o exemplo de humildade que Jesus nos quis dar, ajoelhando-se diante de seus discípulos e lavando-lhes os pés. “vós, me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vós lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que, como eu vos fiz, assim façais também vós.” (Jo. 13.13,15).
Na missa da ceia do Senhor (lava-pés) começa o tríduo pascal, onde recordamos a instituição da eucaristia, do sacerdócio e onde Jesus deixou o maior mandamento sobre a caridade fraterna: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".
Na quinta-feira a noite celebramos a ultima ceia de Jesus com os apóstolos, que foi a celebração da primeira missa. Neste dia não se reza por intenções particulares. A eucaristia que celebramos só terá sentido de comunhão, se nossa comunidade "partir o pão" com aqueles que têm fome.
Hoje, em todo mundo, se recorda a instituição da eucaristia pelo próprio Jesus. Conseqüentemente se recorda a instituição do sacerdócio. Uma das funções mais importantes do sacerdote é renovar, em cada missa, o memorial da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Na celebração do lava-pés existem dois sentimentos: alegria e tristeza. Alegria porque o altar está enfeitado e porque podemos cantar glória, onde os sinos tocarão pela ultima vez. Tristeza pela morte de Jesus. Também nessa celebração recordamos a cena do lava-pés. Lava - pés é um sinal de serviço. É através deste simples gesto que os apóstolos se tornam participantes da salvação de Jesus. Lavar os pés é servir com amor aos irmãos, sem olhar se eles são maiores ou menores. É atender as necessidades.
Terminada a missa do mandato, acontece a procissão do Santíssimo Sacramento. O Santíssimo Sacramento ficará exposto à adoração dos fiéis até a meia noite.
Já nos preceitos e pontos litúrgicos desse dia, destacam-se a instituição do Sacerdócio e da Eucaristia (última ceia de Jesus) e o gesto do Lava-pés.
3. Última Ceia:
Jesus manifesta o desejo de celebrar a Eucaristia com os seus discípulos, mas não sem antes ensinar-lhes seu verdadeiro sentido. Em torno de uma mesa familiar, interrompe a refeição e mostra-lhes por meio de um gesto sublime que Eucaristia e amor-serviço estão intimamente interligados.
A eucaristia só é verdadeira comunhão se nela estiver presente a dimensão da fraternidade, do amor, da doação. Sentar-se á mesa com Jesus para celebrar a Eucaristia implica em abaixar-se para lavar os pés uns dos outros. Comungar é antes de tudo comprometer-se com o projeto de vida de Jesus na última ceia, ao lavar os pés dos discípulos, foi mostrar-nos que sem a partilha da própria vida não há vida eucarística.
4. O Lava-pés:
Jesus se ajoelha em frente a cada um de seus discípulos e lava os pés durante a refeição. Ao tirar o manto, Jesus se despiu de qualquer função ou status social. Fez – se humilde. E com sua profunda humildade ao lavar os pés de seus discípulos, rompem – se as barreiras da raça, da cor, da cultura dos povos e nações, pois é gesto profundamente humano e divino.
Estamos à frente de um Deus que se torna pequeno e pobre, que desce na escala da promoção humana, que escolhe o último, que assume o lugar do servo ou do escravo. De acordo com a tradição judaica, o escravo lavava os pés do senhor e, algumas vezes, as esposas lavavam os pés do marido ou os filhos lavavam os pés do pai. Com o lava pés, Jesus ensina – nos a viver do jeito que ele viveu: uma vida de serviço, entrega e amor.
No tempo de Jesus, quando patrão chegava em casa, com os pés suados ou empoeirados o escravo tinha que lavar os pés dele, ou então sua mulher. Jesus, como patrão (senhor) inverte as coisas. Ele toma a iniciativa de lavar os pés dos discípulos, seus súditos. Ele assume o papel de escravo. O gesto expressa todo o sentido de sua missão, pois “Ele não veio para ser servido, mas para servir”, veio para “dar a vida”. Nisso consiste seu senhorio. Ele é senhor precisamente na arte de fazer – se servo, escravo de todos. Assim deve ser também o apóstolo e discípulo dele. Ele deu o exemplo para que façamos a mesma coisa que fez. E o que significa ser escravo, ser servo nos dias de hoje?
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